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Risco de desenvolver diabetes tipo 2 é maior entre casais

2 de maio de 2019 | escrito por

A equipe médica do McGill University Health Center, no Canadá, pesquisou vários estudos para constatar se os cônjuges de pacientes com diabetes tipo 2 estariam expostos a um risco maior de desenvolver a mesma doença.

A ciência já sabe que pessoas biologicamente relacionadas apresentam um risco maior de diabetes tipo 2, mas este foi um dos primeiros estudos realizados com o objetivo de avaliar se esse risco maior pode existir também em membros da família não biologicamente relacionados, como é o caso dos cônjuges, levando em conta os conceitos de “agrupamento social” e de “acasalamento”.

Diabetes no relacionamento

O estudo avaliou 75.498 casais e descobriu que quando um dos cônjuges tem diabetes tipo 2, o outro cônjuge apresenta um risco de 26% de também apresentar diabetes.

O estudo sugere que, quando um dos parceiros apresenta diabetes tipo 2, o outro deve estar alerta em relação aos seus próprios hábitos com o objetivo de evitar condições que levam ao diagnóstico de diabetes. Os hábitos de pessoas que vivem em casais tendem a influenciar o seu parceiro de forma significativa no sentido de adotar maus ou bons hábitos de saúde.

Para a endocrinologista Aline Barbosa Moraes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, os resultados deste estudo são válidos, mas é importante destacar que uma parte expressiva da população desses estudos incluiu indivíduos com diagnóstico de pré-diabetes e que, possivelmente, não estavam em tratamento e nem sob acompanhamento médico.

“Este fato, por si só, já coloca o cônjuge em risco de apresentar maior chance de ser diagnosticado com diabetes tipo 2, simplesmente pela maior procura para a avaliação médica. Este cenário é mais frequente quando a mulher tem o diagnóstico e o marido, que não costuma realizar visitas médicas de rotina, desperta o interesse em saber sobre a sua saúde”, ressalta a especialista.

Na visão da endocrinologista, o cônjuge com diabetes tipo 2 deveria colaborar com a melhoria dos hábitos de vida do casal, pois este já recebeu todas as orientações e tratamentos necessários. Por outro lado, o próprio tratamento, que já permite o controle da doença, deixa o casal mais à vontade para “escapar” dos bons hábitos, com a prerrogativa de que o tratamento já estaria resolvendo o problema.

Diabetes e obesidade

Além do diabetes tipo 2, a obesidade é uma doença crônica que deve ser diagnosticada e tratada com seriedade. Inclusive, ela pode servir como “facilitador” para o surgimento de outras doenças relacionadas com os hábitos de vida das pessoas, como hipertensão arterial, doença hepática gordurosa não alcoólica, doença do refluxo gastroesofágico e artrose nos joelhos.

“No estudo citado acima, a obesidade foi um dos fatores que mais influenciou no risco do cônjuge apresentar alterações no metabolismo da glicose”, aponta a endocrinologista Aline Barbosa Moraes.

Por tudo isso, é importante que o médico que esteja acompanhando um paciente identifique se existe essa relação entre cônjuges e alerte sobre os possíveis perigos para a saúde. O especialista deve informar sobre a importância de priorizar os hábitos alimentares saudáveis, sempre buscando o equilíbrio entre quantidade e qualidade. Outro cuidado é com o sedentarismo e a higiene do sono, que deve respeitar o relógio biológico de cada pessoa, além do combate ao tabagismo e ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.

Link para o estudo (em inglês): https://bmcmedicine.biomedcentral.com/articles/10.1186/1741-7015-12-12

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