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Pomada à base de extrato de urucum previne dermatite
22 de junho de 2021 | escrito por Diego Calheiros
Um hidratante corporal feito de extrato de urucum que está sendo
desenvolvido por start-ups mineiras promete diminuir a inflamação da
pele e agir como tratamento preventivo da dermatite atópica. O produto
tem previsão para chegar às farmácias em setembro deste ano.
O
pesquisador da start-up Profitus e professor da Universidade Federal de
Viçosa (UFV) Péricles Fernandes, um dos criadores do produto, garante
que o hidratante nutre a pele e tem o poder cicatrizante. “Além de
promover a hidratação intensa, também será capaz de inibir a inflamação,
reduzindo a necessidade do uso de corticoides”, explica.
“Como
as tecnologias da composição são 100% naturais, o hidratante não
apresenta os efeitos colaterais provocados pela medicação normalmente
utilizada”, diz o pesquisador. Ainda segundo Fernandes, a formulação do
hidratante já está pronta. “Nos próximos meses, serão iniciados os
testes clínicos em pessoas com dermatite atópica para comprovar a
eficácia do novo produto”, explica Fernandes.
As tecnologias
deste produto foram desenvolvidas pelas start-ups Profitus, vinculada à
Universidade Federal de Viçosa (UFV), e Bioaptus, vinculada à
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ainda de acordo
com Fernandes, o projeto surgiu do compromisso social das empresas com a
população. “Estar vinculado ao Parque Tecnológico de universidades
respeitadas como a UFV e a UFMG nos traz muita responsabilidade. É a
busca incessante em produzir inovação, inclusive em segmentos para os
quais a grande indústria ainda não possui respostas adequadas”, diz. Ele
explica que, em função de todo apoio e incentivo público recebido, é um
compromisso da start-up desenvolver produtos que possibilitem a melhora
de qualidade de vida da população.
Resultados. A
parceria viabilizada com recursos do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) objetiva desenvolver um creme com
extrato de urucum e aptâmeros (anticorpos à base de DNA produzidos em
laboratório) que são capazes de prevenir respostas inflamatórias
indesejáveis na pele ao mesmo tempo em que estimulam a regeneração dos
tecidos já afetados ou sensibilizados pela doença.
Os aptâmeros
desenvolvidos, segundo os pesquisadores, atuam bloqueando as moléculas
responsáveis por iniciar processos inflamatórios na pele, possibilitando
assim a redução ou total bloqueio das manifestações da dermatite
atópica.
A servidora pública Luciana Teixeira, descobriu que
tinha psoríase palmoplantar – doença com sintomas muito semelhantes à
dermatite atópica e seus dedos descamavam muito.
“Quando meus
dedos estavam naquela situação, eu sentia vergonha. Usei pomadas de
cortisona, mas não fez efeito. Passei a usar a natural de urucum e, em
sete dias, as feridas já estavam cicatrizadas”, disse.
Coceira. A dermatite atópica é uma reação alérgica e inflamatória crônica com origem genética. É caracterizada por pele seca e lesões que coçam muito. Atinge principalmente a dobra dos braços e a parte de trás dos joelhos.
Empresa começou a exportar em 2017
O pesquisador Aloísio José dos Reis, um dos fundadores da Profitus, conta que, em 1999, percebeu o efeito cicatrizante da planta ao manipular o urucum com as mãos machucadas. “As lesões eram muito profundas e melhoraram com rapidez impressionante”, diz o pesquisador.
Curioso, Reis procurou o professor da UFV Paulo Stringheta e relatou o acontecido. Juntos, eles comprovaram, em laboratório, as propriedades do urucum. A linha de dermocosmésticos da universidade, lançada em 2016 e noticiada com exclusividade por O TEMPO, já conta com quatro pomadas – para tratar escaras; para grandes queimaduras; para pessoas da terceira idade; e outra para lesões de difícil cicatrização, como de diabéticos.
No ano passado, as pomadas começaram a ser exportadas para a Austrália e a Nova Zelândia.
Fonte: O Tempo